Perambular pelas prisões da Grande Cuiabá – antiga Penitenciária Regional Pascoal Ramos (hoje Penitenciária Central do Estado), Centro de Ressocialização do Carumbé, Cadeia Pública do Capão Grande e celas das delegacias de Polícia – tinha virado uma dolorosa rotina na vida de dona Iracema Pereira, há quatro anos, quando seu filho David Wilkirson Alves Pereira desapareceu sem deixar vestígios. Na sua peregrinação, uma última esperança: a de localizar Wilkirson através de Ney Muller Alves Pereira, seu outro filho que está preso na ex-Pascoal Ramos, e que com problemas mentais costuma usar vários nomes, inclusive o do irmão. Mas a cada busca uma nova frustração: nenhum sinal de Wilkirson.
Há uns dois meses, um encontro casual no Fórum de Cuiabá colocou frente a frente dona Iracema e a advogada Betsey Polistchuck de Miranda, presidenta da Comissão de Direitos Humanos da Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil de Mato Grosso. Dona Iracema falou do seu desespero que a estava levando à beira da loucura por causa do sumiço do filho. “Foi a mão de Deus que nos guiou para esse encontro” – afirma a também mãe Betsey de Miranda, que a partir daquele momento passou a ser uma obstinada aliada de dona Iracema na busca do filho desaparecido.
Pelos caminhos normais a busca de David Wilkirson não deu certo. A presidente da Comissão do Direitos Humanos da OAB recorreu então ao diretor da penitenciária, José Carlos Freitas, que não só autorizou como acompanhou dona Iracema Pereira a percorrer os raios do presídio a procura de Wilkirson. Dois meses depois, as duas localizaram os filhos de dona Iracema nos raios 1 e 4 da ala dos evangélicos. O drama de dona Iracema tinha chegado, parcialmente, ao fim. Agora está sendo feito um levantamento judiciário dos dois para se descobrir se David Wilkirson está preso por ter cometido algum crime ou se foi vítima de alguma trapalhada que Ney Muller aprontou e deu à Polícia o nome do irmão.
