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MATO GROSSO

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Carta aberta

27/11/2009 20:16 | Carta

       A Universidade do Estado de Mato Grosso – Unemat divulgou nesta sexta-feira uma carta aberta à população  sobre o cancelamento do concurso público realizado domingo, 22, pelo Governo do Estado e que acabou sendo cancelado por uma série de problemas e irregularidades que ainda estão sendo apuradas. Assinam a carta aberta dezenas de instituições, incluindo a Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso, que designou seu conselheiro José do Patrocínio de Brito Júnior para integrar a comissão que apura os fatos.     

    A UNEMAT É DO POVO MATO-GROSSENSE

    CARTA ABERTA À SOCIEDADE

    Estamos todos perplexos diante do escândalo que se tornou o maior concurso público da história do país.  Perplexos e indignados com a forma como a UNEMAT vem sendo tratada tanto pelo Governo do Estado quanto pela Reitoria. O concurso reflete o grau de irresponsabilidade dos agentes públicos no comando tanto do Governo quanto da Universidade. Mas, não reflete a sociedade mato-grossense, nem a comunidade da UNEMAT. A UNEMAT não é um problema. É uma instituição que tem oferecido, a milhares de jovens do interior, a oportunidade de acesso ao ensino superior público. São 15 mil alunos para quase mil professores e 450 técnicos, aproximadamente.  Desde os anos 80, a UNEMAT tem sido a grande responsável pela formação de professores no estado, contribuindo para que Mato Grosso tivesse hoje a quase totalidade de professores graduados na rede pública. Por esforço de seu quadro docente, conta com quatro programas de mestrado institucional e inúmeros outros em parceria com renomadas instituições de ensino superior do Brasil.

    Além disso, a UNEMAT como instituição multi-campi, está presente em todas as regiões do Estado do Mato Grosso e, potencialmente, tem todas as condições de produzir conhecimento que atenda questões de relevância social.

    Apesar disso, a média de gasto por aluno é de cerca de R$ 700,00/ano (setecentos reais por ano), enquanto a média das universidades públicas brasileiras gira em torno de R$ 8.000,00/ano (oito mil reais por ano)! De fato, não é surpresa que as condições estruturais da UNEMAT não sejam adequadas. E não o são por duas razões: Primeiro porque o governo tem tratado a nossa universidade com descaso. É somente quando há risco de desgaste político ao governo que a UNEMAT se torna pauta da agenda governamental ou quando há interesses de atender clientelas políticas, oferecendo cursos sem planejamento e sem garantia de financiamento.

    Há tempos que a comunidade acadêmica, através das entidades representativas de professores e estudantes tem denunciado às autoridades a forma temerária, irresponsável como vem sendo gerida a Universidade. Tantas são as denúncias feitas sobre o caráter nefasto que, por exemplo, a FAESP tem adquirido no interior da UNEMAT. Os desrespeitos constantes da reitoria às decisões de instâncias superiores, a forma atabalhoada como tem sido conduzidas questões importantes como a própria implementação do Plano de Carreira dos Professores, as denúncias de corrupção, tudo isso são provas mais que suficientes da incapacidade da direção da UNEMAT de conduzir um concurso público da magnitude deste que pretendeu fazer. O governo foi avisado, reiteradas vezes. Mas, preferiu ignorar os fatos, preferiu acreditar na tese de que não tem responsabilidade sobre os desmandos e desorganização interna da UNEMAT. Preferiu acordos com a reitoria para  projetos eleitorais. Pagou caro por isso!

    Nós, que somos parte da comunidade da UNEMAT, não de sua direção, representantes da sociedade organizada, não vamos aceitar que a responsabilidade sobre o vexame do concurso recaia sobre a Universidade. A responsabilidade é de quem, com o poder e dever de governar para todos, tratou a universidade como um “incômodo problema” e, sem políticas para o setor de ensino superior, preferiu “lavar as mãos”.

    Não aceitamos que a comunidade acadêmica inteira seja julgada a partir das práticas clientelistas e irresponsáveis de sua direção, práticas estas que temos combatido diuturnamente no interior da Universidade e fora dela.

    O fiasco do concurso público não depõe contra a universidade, revela sim a insustentabilidade de uma gestão incompetente, sem direção e autoritária que, por isso mesmo, conduziu o concurso da mesma forma como vem conduzindo a universidade. Exigimos que os entes públicos (Executivo, Legislativo, Judiciário) assumam a responsabilidade sobre esta instituição que é pública: exigindo cumprimento das regras institucionais, respeito decisões dos colegiados superiores, enfim, às leis que regem toda e qualquer administração pública que a direção da UNEMAT parece desconhecer!

     Não admitimos mais uma Universidade amordaçada! A UNEMAT é de todos nós mato-grossenses, exigimos respeito!!

    ADUNEMAT, DCE PAULO FREIRE (UNEMAT, Cáceres), DCE EDSON LUIS (UNEMAT, Sinop), SINTEP, CUT/MT, MCCE Movimento de Combate a Corrupção Eleitoral, OAB/MT, DCE UFMT, ADUFMAT, ANDES-SN Regional Pantanal,

 

 


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