Nesta quinta-feira (25 de outubro), o presidente da OAB/MT, Cláudio Stábile Ribeiro, busca providências urgentes para a defesa de uma jornalista de Mato Grosso que está recebendo ameaças depois de publicar notícia sobre morte de Policial Militar e a violência galopante em Várzea Grande. O conselheiro estadual Geandre Bucair já está preparando uma representação criminal para buscar a apuração dos fatos junto ao Ministério Público Estadual e à Secretaria de Segurança Pública do Estado.
“Queremos também a garantia de que será resguardada a integridade física da jornalista. Afinal, o princípio constitucional da liberdade de imprensa se concretiza quando há o respeito ao exercício profissional, ao acesso às informações e à sua divulgação. Esse é um dos pilares da democracia brasileira. Repudiamos veementemente quaisquer tipos de repressão ou aviltamento a esse direito”, destacou Stábile.
Nota pública
O Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso publicou uma “Nota de Apoio à jornalista Lizânia Ghisi” que foi enviada a toda imprensa estadual e nacional. Veja abaixo a íntegra:
A Diretoria do Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso (Sindjor-MT) vem a público expressar seu total apoio à jornalista Lisânia Ghisi, do jornal A Gazeta, que assina matéria sobre morte de Policial Militar e a violência galopante em Várzea Grande.
A matéria da referida profissional, publicada na última terça-feira, dia 23 de outubro de 2012, virou debate malicioso e ofensivo no Facebook, na página do Cap PM OE Paccola.
Comentários de militares envolvidos ou não no caso e de outros seguidores do capitão incitam a violência e promovem campanha virtual pela resolução de problemas sociais à base da força.
Além disso, alguns dos comentários atacam frontalmente a categoria dos jornalistas. Um dos seguidores de Paccola, o capitão Caveira, comenta que: "Eu acho que quando acabarem todos os bandidos do mundo, o próximo passo devem (sic) ser os jornalistas!"
Ora, vivemos a barbárie ou queremos outra sociedade?
O Sindicato vem a público repudiar que um oficial capitão da polícia e cidadão faça apologia à violência de qualquer forma.
O Sindjor-MT repudia ainda que os jornalistas sejam ameaçados, expostos. O jornalismo é de indiscutível relevância social e deve ser, ao invés de banido, fortalecido.
É necessário reforçar que ameaça pública como fez o oficial capitão a um assassino, mesmo que vinda de um policial, constitui crime.
Polícia não é para matar, mas sim para proteger toda a sociedade!
Condutas ilegais na internet têm sido julgadas e condenadas em tribunais de todo o país. Ali não é um espaço sem lei, onde pode tudo.
O Sindjor-MT defende a liberdade de expressão por dever profissional e crença de que essa bandeira interessa a toda a sociedade. Mas a liberdade de expressão, seja por parte da imprensa ou de qualquer cidadão, deve ser exercida com responsabilidade.
Temos a clareza de que a Polícia deve ter, antes de tudo, profunda formação humana, para lidar com seres humanos. É por pensamentos desse tipo supracitados que muitos cidadãos, por vezes inocentes, acabam sendo espancados e mortos. É preciso respeito e responsabilidade para lidar com gente.
O Sindjor-MT levará o caso ao Fórum de Direitos Humanos e da Terra Mato Grosso, do qual é signatário, e à representação brasileira da Corte Interamericana de Direitos Humanos. Também levará está nota ao conhecimento do Governo do Estado, através da Secretaria de Estado de Segurança Pública, solicitando que os envolvidos sejam devidamente responsabilizados e que a corporação seja treinada para tratar a população com mais respeito.
O Sindjor-MT finaliza informando que tomará todas as providências necessárias para que este caso seja esclarecido e haja retratação pública desses policiais.
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