Para marcar o mês da Consciência Negra, a Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT), através da Comissão de Defesa da Igualdade Racial, está participando de uma série de eventos e homenagens. O Dia da Consciência Negra é 20 de novembro, em memória ao líder Zumbi dos Palmares, que lutou contra a escravidão do seu povo.
Representantes da Comissão de Defesa da Igualdade Racial da OAB-MT fizeram lives da Universidade Federal de Mato grosso (UFMT), com discussões sobre o racismo, entre elas a que tratou sobre “Desafios e Conquistas da População Negra”.
“O que buscamos é igualdade e respeito com o povo negro, por isso a importância do movimentos sociais anti-racistas. A abolição foi há mais de 200 anos e a gente vive na luta, reivindicando, cada vez mais nossos direitos, ao redor do mundo”, pontuou a presidente da Comissão, Roberta de Arruda Chica Duarte. “É sob uma opressão que vivemos e, através do ativismo de movimentos sociais, isso fica mais evidente, por isso são tão importantes”, reforça.
Dra Roberta foi uma das palestrantes do II Curso de Formação para a Comissão de Heteroidentificação da UFMT. A Heteroidentificação é um processo que complementa a autodeclaração dos candidatos que concorrem às vagas reservadas para negros (as) – pretos (as) e pardos (as) – e indígenas, dentro da política de cotas.
Outro momento especial, neste mês da Consciência Negra, foi a indicação de nomes da Advocacia negra para o 1º Prêmio Mato-grossense Tereza de Benguela, entregue na quinta-feira (18), no Teatro Zulmira Canavarros. Foram indicadas as advogadas Roberta Chica, na categoria “ativista”, e, como "ativistas do Direito”, as advogadas Naryanne Cristina Ramos Souza, vice-presidente da Comissão de Defesa da Igualdade Racial da OAB-MT, Sara Silva, de Cáceres, e Aretusa Aparecida Francisca Moreira Baioco, de Pontes e Lacerda.
Dra Naryanne recebeu o prêmio na categoria "ativistas do Direito" e o secretário geral da Comissão, Dr Everton Neves dos Santos, recebeu moção de aplauso.
Também foram premiados os membros convidados pela Comissão, Silviane Ramos e Jacy Proença, além de Nauara Coelho, de Vila Bela, cofundadora do Quariterê e a jovem negra mais nova a tirar OAB no Brasil.
“Somente a indicação já é um grande reconhecimento, todas essas homenagens são merecidas”, avalia Dr Roberta.
Ela ressalta que o racismo é estrutural e institucional, portanto perpassa também o mundo jurídico, ao qual as advogadas e os advogados pertencem e nele circulam. Os expoentes negros, no entanto, são poucos e não acompanham a percentagem populacional, dos que se autodeclararam ao IBGE. Em Mato Grosso, mais de 60% da população é preta ou parda.
“Quando falamos de negros e negras, (pretos e pardos) observamos que a abolição escravista ainda não é uma realidade pelo seu meio cruel que assola até os dias atuais. Por isso a conscientização sobre o racismo não deve ser feita somente em novembro, mas a todo momento. Apesar de muito faltar para que possamos atingir uma sociedade igualitária. O silêncio fortalece a desigualdade racial, negar o racismo é o mesmo que alimentá-lo”.
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