A paraense Cristina, de Altamira, cumpre pena na Penitenciária Feminina Ana Maria do Couto May, em Cuiabá. Este nome é fictício, para salvaguardar a identidade dela, que foi sentenciada, nos rigores do artigo 33 do Código Penal, a 5 anos e 10 meses de reclusão – tráfico de drogas.
Desde 18 de março deste ano, perdeu o direito de ir e vir. Antes disso, trabalhava como caixa de supermercado. Mãe de 4 filhos pequenos, afirma que, na cadeia, eles é que são sua principal preocupação e inspiração para não recair mais no crime.
Ela é uma das 26 mulheres, que, desde esta quinta-feira (11), estão sendo atendidas pelo projeto “Reconstruindo Sonhos”.
O projeto tem o apoio institucional da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT).
“Esta é mais uma ferramenta para que possam voltar à vida lá fora, com orientação e revendo valores”, explica o Secretário Geral da OAB-MT e presidente da Comissão de Direitos Humanos, Flávio Ferreira.
Segundo ele, a OAB-MT acompanha institucionalmente e apoia projetos de ressocialização, como este, que são fundamentais ao resgate de vidas, com cultura e educação. Acompanha também o andamento processual, fiscalizando o sistema prisional, junto com o Ministério Público. “A punição é a segregação e deve ocorrer com respeito e dignidade”.
A iniciativa é do Ministério Público. Além do apoio da OAB-MT, conta com a parceira da Defensoria Pública, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT), através do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário (GMF), e do Governo, através das Secretarias de Segurança Pública (Sesp) e Ciência, Tecnologia e Inovação (Seciteci).
Também são apoiadores o Instituto Ação pela Paz e a Fundação Nova Chance, assim como o grupo Cena Onze, com aulas de teatro.
Idealizadora do projeto, a promotora de Execuções Penais, Joseane Fátima de Carvalho Guariente, mostrou-se emocionada com a concretização da iniciativa.
“É uma oportunidade para elas refletirem sobre o valor da vida em 12 encontros, com temas importantíssimos, inerentes a todo ser humano. Vamos falar sobre traumas, família, relacionamentos, espiritualidade, entre outros. Através dessas reflexões, vão ressignificando situações da vida e construindo um ideal”.
A cada 10 detentos soltos no Brasil, sete reincidem no crime. Uma forma de quebrar esta estatística é intensificando a reeducação no período da reclusão, é o que diz o defensor público André Rossignolo. “O desafio maior é na saída do cárcere, no retorno à sociedade. Então esse projeto vem em boa hora, para estruturar mais essa transição”.
Outra que será atendida pelo projeto é a presidiária Márcia, 28, de Cáceres. Ela está presa há quase 4 anos, mas ainda não foi julgada. Sobre o projeto, diz que é bem-vindo. “A gente aprende muitas coisas, muda os nossos pensamentos, começa a querer fazer diferente, porque é superdifícil ficar presa, a saudade da família é grande”.
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