Foto: Acervo pessoal
“A única coisa que ninguém vai tirar de você é o conhecimento”. O incentivo da mãe Marlene Lima soou como mantra ao longo da infância e adolescência. E foi motivada por essas palavras que ela buscou voos mais altos.
“Eu tive que ‘voltar ao início‘, minha cidade natal, Presidente Prudente (SP). Mas o futuro estava mesmo predestinado à Paranatinga”, diverte-se ao lembrar das voltas que a vida deu até que enfim, pudesse ter seu próprio escritório, em endereço privilegiado no interior de Mato Grosso.
Silvana é reconhecida no meio jurídico local, por ser a primeira mulher advogada a estabelecer-se naquela Comarca. A profissional da advocacia que consolidou sua carreira atuando no Direito Possessório, enfrentou o primeiro júri há 15 anos, grávida da primeira filha.
“Eu começava ali minha trajetória. Ainda sem clientes, aproveitei a oportunidade quando fui convocada para atuar como defensora dativa. Esse primeiro caso foi de um feminicídio. Confesso que ainda espero pelo pagamento dos meus honorários. Mas ainda assim, mantenho uma postura colaborativa caso o Estado necessite”, diz a advogada que hoje representa uma das maiores fazendas de Mato Grosso, a Reunidas, do Grupo JCN.
“Certa vez, diante de um conflito agrário, tive que percorrer 130 km para aguardar o oficial de Justiça. Eu era a única mulher. Agi de maneira enérgica para impedir que houvesse desocupação da área até que tudo fosse restabelecido novamente”, se orgulha diante da envergadura do caso.
Além do Direito Possessório, Silvana atua em ações de usucapião. Recentemente, também tem se enveredado nas questões do Direito da Família. “Atendi uma cliente que precisava tanto da justiça quanto de um ombro amigo. Abri um pouco da minha história para ela e a ajudei a identificar os traços de um relacionamento abusivo. Ela se identificou. Sei disso pois vivi um relacionamento como estes”, testemunha.
Há males que vêm para bem, acredita. De Paranatinga para Presidente Prudente e vice-versa, foram muitas vivências. “Como eu havia dito, tive que voltar para o início”, sorri.
A família de Silvana chegou em Paranatinga em julho de 1977, e no início dos anos de 1990, quando a então adolescente precisava mirar no futuro, considerou melhores as condições na cidade natal, Presidente Prudente (SP).
“Minha irmã já estava lá. Por conta das dificuldades financeiras, ela pensava em retornar. Mas eu a estimulava, dizia ‘não desista’. Além de desejar o sucesso dela, se ela voltasse, eu não iria”, relembra. Moraram de favor na casa de outros familiares, vivendo como nômades, uma hora aqui, outra ali.
“Morei também de favor na casa de uma colega da escola até que depois de um tempo eu e minha irmã conseguimos alugar uma kitnet. Mas só tínhamos dois colchões e um fogão. Era bem difícil para a gente àquela época. Por fim, uma tia nos deu abrigo em um pensionato, lá a ajudávamos com a limpeza do local”.
Enquanto isso, ela ia estudando. "Mas Deus tinha algo reservado, que mudaria a minha escolha pela faculdade que iria cursar. Conheci a Maria Guibo, a qual me incentivou a fazer a faculdade de Direito, pois as oportunidades seriam maiores“.
E assim foi feito. Entrou para a Unoeste. No entanto, como àquela época, como ela enfatiza, as faculdades não subsidiavam o aluno para a prova da OAB, ela decidiu focar nisso.
“Nesse momento eu estava vivendo um relacionamento turbulento. Foi então que decidi ir para a capital paulista para me preparar. A essa altura, meu pai, Antônio Lima, já tinha uma situação melhor e pôde me ajudar. No cursinho, tive a honra de estudar com o civilista brasileiro Flávio Tartuce”, se orgulha.
“Mas eu não passei na segunda fase. Meu chão se abriu. Para me recuperar de tantos reveses voltei ao seio familiar”. De passagem por Mato Grosso, ela resolveu fazer o exame da Ordem e eis que este o território que o destino havia determinado para sua saga.
“Foi mesmo incrível o que aconteceu. E se já não era maravilhoso só isso, de eu enfim poder advogar, comecei a namorar com meu marido. Nossas famílias se conhecem desde que tínhamos 5 anos de idade. Era mesmo para eu estar em Mato Grosso”.
Às pessoas que sonham, diz Silvana, dou um simples conselho: “não desistam. Os desafios são muitos. É preciso ter resiliência e aceitação. Foi o que aprendi com a minha história”, arremata.
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