Maior produtor e exportador de grãos do país, Mato Grosso, cuja economia alavancada pela agropecuária faz diferença na balança comercial brasileira, ainda não rendeu espaço em suas terras para a produção de flores, um dos mercados mais promissores nos últimos anos.
Em 2017, a venda de flores teve um aumento de aproximadamente 15% no país. A média de consumo brasileira é de R$ 35 por pessoa a cada ano e o estudo feito pelo Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor) aponta Mato Grosso como 12º colocado no ranking dos estados com maior consumo per capta.
Com terras férteis e um mercado bastante promissor, o plantio de flores em Cuiabá contará com sementes que vão muito além de plantas ornamentais. Entusiasta do Projeto Reflorescer, a Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT) vem desenvolvendo a iniciativa que deve florescer nos próximos meses.
O projeto visa a produção de flores de corte e em vasos e mudas para paisagismo em uma área de aproximadamente 800 metros quadrados na penitenciária feminina Ana Maria do Couto “May” em Cuiabá.
Para o cultivo, as reeducandas participarão de um curso de capacitação pela Universidade Federal do Estado de Mato Grosso (UFMT) e trabalharão no cultivo das flores como forma de remissão da pena.
A produção deve ser comercializada junto às floriculturas de Cuiabá e região e também será possível a venda direta. A renda obtida será dividida em duas partes iguais, sendo metade para pagar o trabalho das reeducandas e a outra destinada à manutenção das atividades, assegurando a sustentabilidade financeira do projeto.
Vice-presidente da OAB-MT, Flávio Ferreira destaca a importância do projeto, não apenas como importante ferramenta de ressocialização, mas também para fomentar a economia local, oferecendo ao mercado mão de obra qualificada.
Com capacidade para 180 reeducandas, a Penitenciária Ana Maria do Couto “May” conta atualmente com 184 mulheres entre 25 e 60 anos. O projeto Reflorescer será a primeira oportunidade de capacitação e remissão de pena oferecida a elas.
Conforme a diretora-adjunta da unidade, Cleia Regina, hoje as reeducandas trabalham apenas nas atividades internas da unidade. O projeto permitirá a capacitação de até 60 reeducandas em cumprimento de pena e que atendam critérios de bom comportamento.
Para oferecer a capacitação, o professor-adjunto do Departamento de Agronomia da UFMT, o engenheiro agrônomo Rafael Campagnol participou da visita in loco ao local onde será realizado o plantio.
Para viabilizar o projeto, Flávio Ferreira também participou de reuniões no Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) e na Sala da Mulher da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), que também é uma das entusiastas do projeto.
A proposta, segundo o vice-presidente da OAB-MT, é de que o projeto esteja em funcionamento a partir do próximo semestre.
Além da ressocialização e fomento da economia, apostando em um mercado crescente, o projeto também atuará na melhoria da saúde e bem-estar das reeducandas. A penitenciária Ana Maria do Couto “May” é a unidade que recebe a maior quantidade de medicamentos antidepressivos. Assim, o desenvolvimento de atividades diárias, permitindo a capacitação para o mercado de trabalho e a trato direto com o cultivo das flores também é uma ferramenta de resgate da autoestima e recuperação da saúde emocional dessas mulheres.
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