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Representante da OAB-MT provoca debate sobre ausência feminina em papeis decisivos da sociedade

07/08/2017 14:22 | Mulher e mídia
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    imgO percentual de 53% do eleitorado brasileiro feminino frente a 9% de mulheres em atuação legislativa no Congresso Nacional foi o dado usado como exemplo da ausência de participação delas nas instituições decisivas da sociedade brasileira pela secretária-geral adjunta da Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional Mato Grosso (OAB-MT), Gisela Cardoso. Sua fala compôs o painel "Igualdade de Gênero" no Seminário Mulher e Mídia, promovido pela Defensoria Pública de Mato Grosso e sediado no auditório da OAB-MT, na sexta-feira (04).

    "É preciso despertar o interesse da mulher para querer o seu empoderamento na sociedade, na política, nas instituições. Estamos falando de igualdade de gênero. Onde ela está? Está na Constituição, na nossa lei maior, em mais de um artigo. Se ela garante essa igualdade, por que isso não se aplica, por que na prática, não temos essa igualdade? Nem nos lares, no trabalho, na política temos essa igualdade. Isso exige uma mudança comportamental dentro de cada uma de nós. Onde estamos nós, mulheres, que não na luta por essa igualdade?", provocou a advogada.

    O Seminário Mulher e Mídia, ocorrido ao longo de todo o dia, promoveu diversas discussões com representantes das áreas do Direito, de movimentos de pesquisa e sociais cuja mulher é a bandeira e jornalistas com o propósito de estabelecer uma conexão entre o sistema de justiça e a imprensa sobre a forma como a mulher vem sendo tratada na mídia.

    O comportamento misógino foi uma das preocupações levantadas pela jornalista Marisa Sanematsu, do Instituto Patrícia Galvão, convidada para executar a palestra magna do encontro sobre "Mulher e Mídia".

    "A gente percebe esse comportamento quando vemos assassinatos de mulheres, agredidas de forma a serem atingidas em seus pontos de maior feminilidade. São desfiguradas, atingidas nos seis ou nas genitálias. Isso demonstra o comportamento de eliminar a figura da mulher, ou seja, além de um assassinato, um ato de misoginia. E é na educação que se vai frear isso, quando se constrói relações de respeito nas gerações que estão sendo formadas, com as crianças respeitando as diferenças sem terem que recorrer à violência. A manutenção dessa educação para violência, infelizmente, não está só na mídia, mas nas escolas, nos lares... É preciso frear essa escalada da misoginia, homofobia, do racismo. Todo mundo tem o direito de ser o que acha que é", ponderou a pesquisadora.

    A defensora pública e jornalista Sandra Cristina Alves, presente no painel "Defensoria Pública, Sociedade e Imprensa", lembrou a importância da relação ética entre fonte e o jornalista para construção de temáticas de interesse social com idoneidade. "O jornalista é um profissional íntegro, sincero e que está ali realizando seu trabalho. Uma coisa que aprendi é manter um relacionamento ético, mas o que a gente vê é, infelizmente, promotores, defensores, juízes recuando desse relacionamento, o que prejudica muito a atuação, pois o jornalista não é técnico em Direito".

    A presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher de Mato Grosso, Jocielene Barboza dos Santos, levantou a necessidade de se controlar o uso e o acesso à chamada mídia espontânea, as redes sociais, em virtude da exposição pessoal. "A internet tem construído um tecido social novo. Consegue criar uma rede de comunicação à qual ainda não estamos completamente habituados. Nesse sentido, tem adolescente de 13 anos transando na rua com dez meninos e o vídeo desse ato de barbárie entra nas redes sociais. Trata-se de uma mídia sem controle produzida por crianças que estão se tornando selvagens. Isso precisa ser freado".

    Exposição feminina na mídia traz o viés das mulheres brasileiras. Demonstra a imagem de uma sociedade capitalista e com uma mulher sempre pronta para vender produtos de limpeza, da cozinha e de consumo que satisfaz o sexo oposto. Foi desta forma que se posicionou a professora doutora e coordenadora do Núcleo de Estudo sobre a Mulher e as Relações de Gênero (Nuepom) da Universidade Federal de Mato Grosso, Madalena Rodrigues. Após contextualizar a trajetória de luta por direitos à igualdade travada por mulheres no mundo e no Brasil, a palestrante criticou a falta de engajamento social para que mulheres passem a ser vistas por sua capacidade intelectual.

    "A Secretaria de Mulheres acabou no atual governo, assim como a de Direitos Humanos, órgãos delegados a último plano. As forças conservadoras estão nos passando rasteira e a gente está fazendo o que? A violência contra a mulher continua sendo tratada apenas como caso de polícia, não como uma questão de desigualdade. Temos que lutar por uma equidade de gênero, o que significa garantir as mesmas oportunidades a todos. Precisamos de uma mídia que fale a verdade para conquistarmos isso. Porque as diferenças não matam, o que mata são as desigualdades".

    O encontro ainda contou a responsável pela Delegacia Especializada de Defesa da Mulher de Cuiabá, a delegada Jozirlethe Magalhães Criveletto, comentando sobre os dados brasileiros de feminicídios: 5 mil mulheres assassinadas por ano no país, o que representa 13 por dia. Quanto à Capital, nos últimos seis meses deste ano, mais de 800 medidas protetivas foram estabelecidas para afastar agressores das vítimas.  

    Gisela Cardoso aproveitou para colocar a sede da OAB-MT à disposição para eventos como esse. "A OAB-MT novamente abre as portas para discutir, debater esse assunto, principalmente aqui, que é a casa das liberdades democráticas, de defesa da Constituição. Esse tipo de debate é necessário, importante, imprescindível para todos", finalizou.

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