Preocupados e ansiosos por informações, os familiares dos detentos do presídio Osvaldo Florentino Leite, o Ferrugem, se reuniram na tarde de quarta-feira (27) com a Subseção de Sinop da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT), Conselho da Comunidade e um representante da unidade prisional.
"A Ordem sempre acompanhou de perto o relacionamento entre as famílias dos detentos e o presídio. Essa reunião é de extrema importância, já que, desde a rebelião, as visitas continuam suspensas. Os familiares querem respostas sobre a atual situação dos presos e pedem para vê-los o mais rápido possível. Diante de tudo o que aconteceu é compreensível a ansiedade", conta o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB Sinop, Denovan Isidoro.
O presidente da OAB de Sinop, Felipe Guerra, foi um dos mediadores da reunião.
"Nós explicamos quais os procedimentos devem ser adotados em relação às transferências e à reconstrução da unidade prisional. Nosso objetivo é restaurar a paz e isso só é possível proporcionando a comunicação entre família, detentos e diretoria da unidade prisional", ressalta o presidente da OAB Sinop.
O diretor do Conselho da Comunidade, José Magalhães, explica que a rebelião instaurou uma crise dentro do presídio. A entidade, juntamente com a Ordem, tenta solucioná-la facilitando a comunicação.
"Precisamos amenizar o clima e aproximar os detentos e seus entes queridos, a reunião foi muito satisfatória nesse sentido", esclarece.
Durante a reunião participaram cerca de 60 familiares, em sua grande maioria esposas de detentos, que expuseram os problemas enfrentados. Um dos pontos levantados é a falta de colchões dentro da unidade, já que alguns foram queimados durante a rebelião.
"A princípio, a reunião foi essencialmente para passar como está a situação interna na instituição. O que os presos têm e o que eles não têm. Alguns detentos não possuem colchões, mas as visitas serão reabertas na próxima semana e será possível que elas levem alguns itens. A unidade está passando por reparação dos danos causados, é preciso paciência", explica a gerente administrativa da unidade prisional, Solange Rossi.
Com o marido preso há cinco anos, uma das esposas participantes da reunião relatou problemas internos e solicitou melhorias. "É pouco tempo para apresentar todas as necessidades que temos. Mas, o que mais nos incomodava foi dito. Tomara que com essa reunião esses pontos venham a melhorar", ponderou.
A principal reivindicação é que as visitas passem a ocorrer dentro das celas. A representante do presídio esclareceu que isso não é possível devido a uma política da unidade.
"Ainda durante a rebelião nós explicamos aos detentos que não seria possível fazer essa alteração. Não apenas por ser uma política da unidade prisional. Várias mães agradecem que a visita ocorra no Encontro, já que o ambiente mais familiar", conta Solange Rossi.
A Rebelião
Presos da Penitenciária Osvaldo Florentino Leite Ferreira (Ferrugem) em Sinop (503 km de Cuiabá) iniciaram uma rebelião na madrugada do dia 11 de abril. No encerramento do motim, no dia 12 de abril, foram confirmadas 5 mortes e cerca de 15 feridos.
Fernanda Herrmann / Conexão Assessoria