PRERROGATIVAS, UMA QUESTÃO DE JUSTIÇA!

    De acordo com o presidente da Comissão de Direito Eleitoral, Jackson Coutinho, a finalidade do evento foi “fomentar o debate sobre gênero e, consequentemente, ampliar o espaço para o público feminino. Devemos garantir a ascensão para todas, fazer com que elas se sintam mais incentivadas a fazer parte dos quadros políticos. Já conseguimos a cota de 30% das vagas para as mulheres, mas penso que precisamos avançar mais”, resumiu.

 

    O presidente da OABMT, Maurício Aude, ressaltou que a “Comissão de Direito da Mulher levou a discussão para todas as subseções que receberam o Projeto OABMT 80 Anos, mais especificamente o OABMT/Mulher, que visa colher informações e, em seguida, implementar ações objetivando resguardar os direitos da mulheres. Digo que tão gratificante quanto isso é estar em um evento cuja proposta se iniciou dentro da Comissão de Direito Eleitoral, formada por homens, os quais refletiram sobre a necessidade e importância de inserir as mulheres no cenário político. Todos estão de parabéns”.

 

    Já o presidente da Caixa de Assistência dos Advogados, Leonardo Pio da Silva Campos, elogiou a iniciativa das comissões em realizar esse tipo de evento, que “tem nosso total apoio e a demonstração de que a mulher é grande partícipe da OABMT. Desde 2010 promovemos o “Março Sempre Mulher” e a CAAMT, nesse período, já realizou mais de 11 mil atendimentos às mulheres, com destaque para o Centro de Saúde, auxílio maternidade e vagas de estacionamento para gestantes nos fóruns. Nossa gestão à frente da CAAMT contemplou a advogada e todas as mulheres engajadas nas lutas sociais e a favor da nossa classe devem ser respeitadas”.

 

    Por sua vez, a presidente da Comissão de Direito da Mulher, Juliana Nogueira, registrou que “a OABMT vive um momento histórico. Esse evento visa fortalecer a advogada, pois a OABMT entende que a participação das mulheres também deve ser nos movimentos sociais, bem como nos cargos diretivos. Para se ter ideia, hoje a OAB conta com 875 mil advogados inscritos, dos quais 405 mil são mulheres. Estamos lutando para ter um mundo mais participativo. Em 80 anos de história, tivemos apenas uma mulher presidente. Não obstante as mulheres serem maioria do eleitorado brasileiro (51,9%), a situação atual da representação feminina é de cerca de apenas 10% dos cargos eletivos e precisamos mudar esse cenário. Entendo que a participação das mulheres deve ser ampla: nas eleições, no parlamento, no Executivo, Legislativo e Judiciário, na OAB, sindicatos, dentre outras entidade”.

 

    Margarete Coelho indagou aos participantes sobre qual é o papel das mulheres nos dias atuais. “O que as mulheres representam? Qual seu lugar na política? Ainda não temos essa resposta, pois hoje há uma ausência muito grande de representatividade. Em 1995, passamos a ter cota de 30% de vagas na política. Não adiantando muito, o legislador instituiu 5% do fundo partidário para estimular sua participação. Ainda assim, o TSE foi autorizado a fazer campanha de estímulo à candidata mulher. Isso ainda é pouco. Apesar de estarmos com a faca e o queijo na mão, precisamos é da fome, dessa vontade em querer ocupar essas vagas. Dizer que a mulher não vota em mulher é uma grande falácia. Mulheres não votam em mulheres porque não se candidatam”.

 

    A desembargadora Maria Helena Póvoas registrou que a “mulher mato-grossense tem brilhante passagem no Estado. Lutamos na Guerra do Paraguai e estivemos presentes na Guerrilha do Araguaia. Sou defensora de que precisamos avançar, mas também temos que reconhecer muitas conquistas. A participação feminina hoje é inegável em vários segmentos e nossa torcida é que isso se estenda cada vez mais, fazendo com que as mulheres ocupem seu verdadeiro espaço, pois temos competência. Não queremos concessão, queremos demonstrar nosso conhecimento. A mulher de hoje não aceita mais retrocesso”.

 

    Por fim, Cezar Britto enalteceu que “é preciso refletir muito sobre o tema, o tempo todo. O machismo deve ser deixado de lado. Até quando não vamos admitir que os melhores cargos sejam destinados aos homens? Há mulheres com muito mais competência que nós e o que as afastam do cenário político é o ambiente machista que predomina. Precisamos compreender que os tempos são outros e que por isso devemos fazer a diferença”.