Todos os anos, o mês de março é um importante período para a discussão das condições das mulheres e os papéis exercidos por elas na sociedade como um todo. E ano após ano o que se vê é que a mulher tem se tornado cada vez mais protagonista em diversos cenários, ocupando os espaços de forma cada vez mais natural.
Vemos uma quebra do estigma de que a participação das mulheres na sociedade estava limitada ao papel de mãe e dona de casa, com dedicação exclusiva aos serviços domésticos e à família, negligenciando seus desejos, anseios e sonhos. Cada vez mais a mulher se apresenta como protagonista da sua história e, como tal, decide o rumo que sua vida terá. Seja mãe, esposa, profissional, conciliando duas, três atribuições, se necessário.
As mulheres a cada dia se destacam por sua capacidade e competência, ocupando espaços outrora inimagináveis, seja na iniciativa privada, no setor público, no esporte, e nos mais diversos cenários da sociedade, inclusive como chefes de família em muitos lares brasileiros. Abandonando o papel de meras expectadoras ou coadjuvantes, para assumir seu protagonismo.
O Tribunal Superior do Trabalho (TST) recentemente empossou como sua presidente a ministra Cristina Peduzzi. Foram necessários 72 anos de funcionamento da Corte para que uma mulher tomasse posse na condição de presidente daquela que é a mais alta instância para a solução de conflitos nas relações trabalhistas.
Esse é apenas um exemplo recente, entre tantos outros papéis de destaque das mulheres no exercício de suas funções nos mais diversos setores e cenários.
Toda essa evolução deve-se, sobretudo, pela participação efetiva da mulher na construção de uma sociedade mais justa, apresentando-se como importante personagem na luta pela garantia de seus direitos.
Nesse contexto não podemos descartar os movimentos e as políticas afirmativas implementadas ao longo dos últimos anos, que embora ainda encontrem resistências, são necessários para se buscar uma equalização, criando meios para que se alcance de fato a igualdade que nos garante a lei maior de nosso país.
Os desafios e as barreiras a serem ultrapassadas ainda são muitos, lidamos diariamente com números alarmantes de violência contra mulheres, o Brasil é um dos piores países em termos de representatividade política feminina, a força de trabalho da mulher ainda é subvalorizada, isso tudo decorre de um contexto histórico pautado no patriarcalismo, que vem se transformando em razão da postura forte e corajosa adotada pelas mulheres nas últimas décadas.
Ainda há muito para se conquistar, ainda existem obstáculos demais para que tenhamos uma absoluta igualdade de gêneros, mas há cada vez mais forças para transpor estas barreiras, com a mulher sendo, cada vez mais, protagonista de sua história.
*Gisela Cardoso, advogada, vice-presidente da OAB-MT