A adoção é um processo cheio de mitos e tabus. Por isso, é preciso falar sobre adoção, conversar com profissionais e também com a sociedade, de modo a levar conhecimento sobre esse tema que transborda amor.
É certo que a sociedade não tarda a cobrar os casais sobre a chegada do primeiro filho, além disso, quem escolhe por não ter uma criança também sofre uma série de julgamentos pela sua decisão, inclusive, sentem obrigadas a justificar essa escolha por um bom tempo.
Por isso é importante tratar da ADOÇÃO!
Você sabia que 25 de maio é o Dia Nacional da Adoção? Instituída em 2002, essa data é uma excelente oportunidade para falar sobre adotar uma criança e conscientizar a sociedade sobre as particularidades da adoção. Se você se interessou sobre esse assunto, então acompanhe o texto e confira sobre o processo de escolher ter um filho.
A data de 25 de maio foi comemorada pela primeira vez, em 1996, no I Encontro Nacional de Associações e Grupos de Apoio à Adoção. Mas foi apenas em 2002, por meio da Lei 10.447, que ela foi instituída e a sua mensagem passou a ganhar a devida importância.
Quantas crianças sonham em ter um lar definitivo, mas encontram barreiras relacionadas à idade, cor, condição física, e tais aspectos acabam dificultando a adoção de crianças com deficiência, grupo de irmãos e jogando as estatísticas da adoção para baixo.
Muitas famílias que pretendem adotar desconhecem os trâmites legais da adoção, que tem como um dos pré- requisitos que o interessado seja maior de 18 anos de idade, homens ou mulheres, independentemente do estado civil e o comparecimento na Vara da Infância e Juventude da sua Cidade para efetuar o cadastro inicial, levando todos os documentos pessoais, certidões de antecedentes criminais e judiciais.
De acordo com dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), existem, aproximadamente, 29 mil crianças e adolescentes em situação de acolhimento no Brasil e deste total aproximadamente 04 mil crianças e adolescentes estão disponíveis para adoção.
A criança passa a constar na lista de adoção após tentativas de reinserção na família de origem falharem, e se não houver formas dessa criança ficar com a família extensa (tios e avós, por exemplo), será destituída do poder familiar e passa a constar no Cadastro Nacional de Adoção, esperando por uma família definitiva.
Vale entender que adotar uma criança é escolher ter um filho e viver um amor transformador, superando angustias, medos e preconceitos para vivenciar este ato. Adoção é um ato irrevogável, e por isso a decisão de ter um filho costuma ser uma das escolhas mais sérias e importantes na vida de qualquer pessoa.
O maior objetivo da adoção é que ela traga benefícios ao desenvolvimento integral das crianças e adolescentes, ou seja, coloca-las em primeiro lugar, com prioridade absoluta, este é o foco principal de qualquer processo de adoção.
O amor, portanto, é o que rege o ato de adotar. Por ser um dos sentimentos mais profundos e puros, ele tem o poder de “curar” feridas e transformar pessoas e relacionamentos. É através do amor que vivenciamos um sentimento de pertencimento do coletivo, da família e é constituído por meio de muito diálogo, da palavra e do toque.
É muito importante que os pais tenham compreensão do que é adoção e não depositar uma expectativa no que não condiz com a realidade. É importante o conhecimento da sua própria dinâmica psicológica, das suas dificuldades, o que precisam superar, para que assim haja condições de estabelecerem relacionamentos saudáveis com os filhos, pois pais seguros e felizes tendem a espelhar esse comportamento.
A sociedade necessita entender que crianças e adolescentes precisam ser vistas e dar essa visibilidade é um grande desafio, como também desenvolver iniciativas para agilizar o processo de adoção fora do perfil procurado pela maioria das famílias, conscientizando toda sociedade.
Precisamos sentir as dores dessas crianças, precisamos ouvir as suas vozes, entender que cada uma delas tem um sonho, e todas buscam por um lar de amor e afeição, uma palavra amiga, uma família, e, apenas dando voz e rosto a esses vulneráveis é que romperemos a resistência.
Uma adoção bem sucedida nasce do desejo de viver um amor incondicional e a princípio doar muito mais do que receber, portanto, congregar esforços, agir coletivamente, buscar apoios, romper resistências e patrocinar a causa da adoção em todos os cantos, de maneira com que a sociedade quebre barreiras e viva o amor transformador.
* Tatiane Barros Ramalho é advogada, vice-presidente da Comissão Estadual de Infância e Juventude da OAB-MT, secretária geral da Comissão Nacional dos Direitos das Crianças e Adolescentes do Conselho Federal da OAB e Conselheira Titular do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos das Crianças e Adolescentes do Estado de Mato Grosso (CEDCA).